Editorial | O ano está chegando ao fim, mas a luta não terminou

[Este editorial foi publicado na Edição 196 – Outubro de 2015 do jornal Primeira Classe]

Quando esta edição do Primeira Classe chegar às escolas e às residências, já teremos avançado alguns dias do mês de novembro. Por conta da audiência pública que tratou dos planos de saúde, ocorrida no dia 28 de outubro, abordada neste jornal, optamos por adiar um pouco a entrega do periódico. Quando este jornal estiver em suas mãos faltará um pouco mais de um mês para que o calendário escolar chegue ao final. Começa o período de elaboração de pareceres e avaliações, e logo adiante chegam os feriados de fim de ano. As férias, que vem a seguir, são um conforto depois de muito trabalho – que, apesar do nosso esforço, nem sempre ocorre nas melhores condições.

Em paralelo, todavia, aproxima-se uma das perspectivas mais pessimistas que tínhamos para 2015: o ano pode acabar sem o pagamento dos 6,6% restantes que faltam para atingir o patamar mínimo do Piso Nacional do Magistério. Durante 2014 – um ano bem diferente do ponto de vista econômico – o reajuste tardou, mas veio. Não é algo apenas simbólico. O não pagamento do Piso em um ano acarreta em um somatório de prejuízos. Supondo que o reajuste do Piso for o mesmo em 2016 do que foi em 2015 (13,01%), serão pelo menos 19,61% – isto é, os possíveis 13,01% de 2016 mais os 6,6% não pagos em 2015 – abaixo do patamar mínimo delimitado pela lei. E se já é difícil conquistar da prefeitura os 6,6%, um valor de menor relevância nas contas públicas, qual é a probabilidade de efetivação um aumento de quase 1/5 para todo o professorado? O ano que vem, de acordo com economistas, será de aprofundamento da crise que ocorre no país – e que infelizmente penaliza os pobres e os serviços públicos essenciais. Devemos exigir, portanto, com ainda mais coragem, que a educação – e um dos aspectos mais importantes para um bom ensino é justamente a remuneração dos professores – não seja penalizada.

É sobretudo por essa razão – dentre outras também bastante graves, obviamente – que solicitamos à categoria o maior empenho possível no próximo mês. A coordenação sindical, por si só, não tem o poder de barganha de uma categoria que soma cerca de 1300 professores da ativa e mais de 600 aposentados. As reuniões de gabinete, sozinhas, tampouco podem “convencer” o prefeito Cezar Schirmer – este sim, com o poder que sua atribuição lhe confere – a pagar o que deve ao magistério. Ou alguém imagina que a argumentação em um encontro a portas fechadas o fariam mudar de ideia?

Acreditamos firmemente que as ruas de Santa Maria são o espaço ideal para mudar esse quadro. Ali nos encontramos como categoria, damos visibilidade à nossa causa. Juntos, lotando as praças, somos assunto de jornal e de rodas de conversa – nossa causa entra para a agenda de debates da cidade de maneira orgânica. Mas isso só acontece através do empenho coletivo.

A indignação – como já dissemos no editorial da edição de setembro do Primeira Classe – foi detectada na categoria. Há uma maioria insatisfeita com seu salário, com o plano de saúde que exclui pelo preço, pelo recorrente autoritarismo da Secretaria de Educação ou pela impossibilidade de realizar as reuniões pedagógicas semanais. Precisamos, neste momento, nos organizar. Entra aí a importância da assembleia sindical. São importantíssimos os debates nas salas de professores ou pelo Facebook – porque nos fazem aprender, trocar opiniões. É na assembleia, entretanto, o momento para encaminhar coletivamente o que será feito. Precisamos lotar o Salão de Eventos da Catedral Diocesana no dia 11 de novembro. Para debater, mesmo que discordando da coordenação sindical – pois a assembleia é de toda a categoria, não apenas de quem dirige o Sinprosm neste momento. Desejamos a todas e todos uma boa leitura. Vemo-nos na assembleia!

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