Por Bernardo Abbad

O famoso Troféu Vento Norte ganhou novos donos na noite de quarta-feira, dia 3. O Centro de Convenções da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) recebeu a 15° edição do Santa Maria Vídeo e Cinema (SMVC). No festival, que também celebrou seus 20 anos, foram exibidos os 10 trabalhos selecionados para a Mostra Sinprosm de Curtas-Metragens de Santa Maria e região. Foram 24 audiovisuais inscritos. Além dos vencedores em mais de 10 categorias como melhor curta, ator, atriz e direção, escolhidas pelo júri composto pelos críticos de cinema Conrado Oliveira, Siliane Vieira e Bianca Zasso, também foi feita a entrega do Troféu Vento Norte Diário de Santa Maria ao curta mais votado no site do Diário. O escolhido foi “Me dá um dinheiro aí?”, de Eduardo Moura, com 33% dos votos.

Para o cineasta Luiz Alberto Cassol, um dos organizadores do Santa Maria Vídeo e Cinema, no próprio festival é possível visualizar o resultado do que ele significa:

– Lá na primeira edição, em 2002, foram 5 curtas de Santa Maria inscritos, e teve um ano que tivemos 42 filmes inscritos. Fazendo um pulo para essa edição, pensávamos que seriam em torno de 10 inscritos e tivemos 24. Então, hoje temos absoluta certeza da importância que o festival teve para o crescimento da produção audiovisual santa-mariense. É notório pela própria qualidade dos curtas, na evolução em estética e narrativa de cada um deles – comenta Cassol.

Os homenageados dessa edição foram o diretor, produtor e coordenador da TV OVO, Paulo Tavares, e o ator, formado pela UFSM, Rafa Sieg. Antes das homenagens e da entrega dos troféus, foi exibida uma relíquia audiovisual para os presentes: o curta rodado em Santa Maria em 1974, agora digitalizado, “O Velório de Vicente Silveira”, do produtor, roteirista e diretor paranaense Modesto Wielewicki, que faleceu em 2012.

A noite também marcou a assinatura de uma parceria entre o Santa Maria Vídeo e Cinema e a UFSM. O festival fará a doação de todo o material, entre filmes, cartazes e fotos que marcaram a história do evento, para a criação de um acervo físico na Universidade.

ESPORAS

O grande vencedor da noite foi o produtor audiovisual e diretor Marcos Amaral, que estreou no festival este ano com o curta-metragem de ficcção “Esporas”, com duração de nove minutos. O trabalho foi premiado nas seguintes categorias: melhor filme, melhor direção, melhor direção de fotografia, e melhor trilha sonora. “Esporas” ainda recebeu menção honrosa pela performance coreográfica da dupla de protagonistas.

– O curta tem uma abordagem que remete mais às vídeo-danças. A gente buscou fazer uma reflexão sobre a manutenção das masculinidades na cultura tradicional gaúcha através do símbolo da dança e da movimentação. Trouxemos essa temática que já permeia trabalhos nossos trabalhos anteriores, só que agora em curta-metragem – explica o diretor.

– Quando a gente vê um festival desses acontecendo com produções tão diversas, com uma qualidade tão grande, é para fazer a gente se emocionar com isso e repensar como nossa produção local está acontecendo.

Um dos diferenciais da 15ª edição do SMVC é o formato: a também tradicional Mostra Nacional de Curtas-Metragens Brasileiros, desta vez ocorre em março de 2023, no já consolidado – e democrático – espaço na Praça Saldanha Marinho, com a exibição dos filmes selecionados.

Confira a lista de premiados:

• Melhor Curta de Santa Maria: Esporas

• Melhor direção: Marcos Amaral de Oliveira, por Esporas

• Melhor atriz: ao Coletivo Fabulare, por meio do trabalho das atrizes Camila Borges, Daniela Varotto, Denise Copetti e Luise Scherer

• Melhor ator: Sidy Correa, por A Intenção da Noite

• Melhor roteiro: Fabrício Koltermann, por A Intenção da Noite

• Melhor direção de fotografia: Marcos Amaral de Oliveira, por Esporas

• Melhor montagem: Marcos Borba e Neli Mombelli, por Tempos de Peste

• Melhor trilha sonora original: Ronaldo Palma, por Esporas

• Melhor direção de som: Ronaldo Palma, por A Intenção da Noite

• Melhor direção de arte: Francine Nunes e Coletivo Fabulare, por A Casa das Lembranças

• Menção honrosa 1: para a dupla de protagonistas do curta-metragem “Esporas”, pelo excepcional trabalho, criação e interpretação da coreografia que conduz o curta-metragem com brilhantismo, poesia visual e simbologias diversas admiráveis e contundentes.

• Menção honrosa 2: para o documentário “Verônica”, por evidenciar a trajetória e trabalho voluntário de uma personagem extremamente importante para a visibilidade e sobrevivência da comunidade trans em Santa Maria, assim como pelo retrato de uma personagem local em tema de importância global, quando o Brasil é o país que mais mata pessoas LGBTQIA+ no mundo.

• Menção honrosa 3: para o documentário “Me dá um dinheiro aí”, por jogar luz aos trabalhadores dos festejos de carnaval do interior do Rio Grande do Sul e valorizar o poder do samba e da festa popular para a construção da nossa cultura.

• Troféu Diário — Me dá um Dinheiro Aí, de Eduardo Moura, com 33% dos votos
• Troféu Rede Sina – Verônica